Wednesday, August 30, 2006

Partidodependência

Olá... Chamo-me JSD, tenho 31 anos e sou Partidodependente.

Será que esta personificação da nossa juventude partidária real? Estarei eu a exagerar?... vamos continuar a divagar…

Como certamente sabem: “A Juventude Social Democrata (JSD) é a organização política não confessional de jovens social democratas, que em comunhão de esforços com o Partido Social Democrata (PSD), tem por fins a promoção e a defesa da democracia política, económica, social e cultural inspirada nos valores do Estado de Direito democrático e nos princípios e na experiência da social democracia, conducentes à libertação integral do Homem, através da transformação reformista da sociedade portuguesa, sempre na defesa de Portugal, de um ideal de afirmação internacional da Nação Portuguesa e da promoção da qualidade de vida das suas populações.”

Assim começam os estatutos nacionais da JSD...

É inquestionável que neste artigo 1º dos nossos estatutos que a JSD é uma estrutura autónoma e que a relação com o Partido Social Democrata é de estrita colaboração. Penso que esta abordagem teórica é inquestionável.

Mas afinal, na prática, tipo de relação tem a JSD com o PSD? Prossigamos…

Quando um jovem inicia a sua vida e assume-se como autónomo dos seus pais, geralmente o dito jovem é financeiramente auto sustentável. Certo? Coloca-se então a questão… a JSD é financeiramente auto sustentável? Ou melhor, a JSD é financeiramente autónoma???
A resposta é não pois a JSD depende financeiramente do Partido Social Democrata. Sem esse apoio a JSD deixaria de existir, pelo menos nos moldes em que actualmente a conhecemos.
Será que este enquadramento coloca em causa a autonomia da organização no seu todo? Pior ainda, será que este cenário torna os dirigentes JSD subservientes aos dirigentes do PSD?

A minha opinião muito sincera é que não. Os objectivos e valores de ambas as estruturas são forçosamente sobreponíveis e quem não se identifica com a carta de princípios do Partido Social Democrata não deve ser militante da Juventude Social Democrata.

A subserviência de dirigentes da JSD ao PSD pode ocorrer… sejamos honestos… por vezes acontece. Mas nada tem a haver com questões de financiamento da estrutura.
Então porque é que acontece?
Bom, quando um dirigente se torna dependente da estrutura partidária e não tem profissão e fontes de rendimento próprios, pode tornar-se subserviente.
Quando um dirigente aceita um “Job” (tema sobre o qual dissertarei em breve) e não tem profissão e fontes de rendimento próprios, pode tornar-se subserviente.
Quando a sobrevivência política de um dirigente depender de um “saco de votos” e não das suas qualidades académicas, profissionais ou humanas, pode tornar-se subserviente.
Quando um dirigente não tem coragem ou auto-estima para defender as suas ideias e encara a política como uma carreira e não como uma missão para melhorar a vida colectiva e para assegurar o desenvolvimento sustentável a longo prazo, pode tornar-se subserviente.

Só nos podemos tornar subservientes quando abdicarmos da nossa honra ou humanismo. A nossa liberdade não é algo que se adquire… é algo que temos e do qual nunca devemos abdicar! A subserviência é a trágica tradução prática da fragilidade do quadro de princípio e valores de quem o é.

Assim sendo, os “culpados” por eventuais problemas não são as estruturas mas são sempre as pessoas (que podem e devem ser a nossa mais valia!). Deixemos de desculpas e passemos a exigir que os nossos dirigentes sejam políticos competentes e independentes. Digo mais, que sejam livres de espírito e que partilhem, vivam e respirem a visão social-democrata de Sá Carneiro. Sermos exigentes connosco próprios é também uma característica Social Democrata… temos que ambicionar sempre o melhor. O céu é o nosso limite!